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Inquérito aponta morte de Luana Barbosa como 'dolo eventual'

Delegado Matheus Nagano encerrou investigação após 4 meses.

Fonte: Ariane Viana, Stephanie Fonseca e Vinícius Pacheco Do G1 Presidente Prudente
16/12/2014

A Polícia Civil de Presidente Prudente concluiu o inquérito sobre a morte da atriz e produtora cultural Luana Barbosa, atingida por um tiro durante uma blitz policial no dia 27 de junho, na Avenida Joaquim Constantino, em Presidente Prudente.


Nesta segunda-feira (15), o delegado Matheus Nagano encerrou a análise dos documentos e depoimentos e concluiu que o caso se trata de um "dolo eventual", ou seja, o cabo da PM Marcelo Coelho, não teve a intenção de matar, mas atirou sem prever o que poderia acontecer e as consequências disso.


"Após a análise do laudo pericial pude entender que o Marcelo não mirou para matar ninguém. Mas, a partir do momento em que ele praticou a conduta, o policial assumiu o risco de produzir um resultado mais agravoso, no caso, a morte da Luana. Por isso, eu entendi que ele praticou a conduta de 'dolo eventual', mas pelo fato de ter levantado a arma na altura da cabeça do Felipe e a maneira que ele manuseou a arma de fogo", explica Nagano.


Segundo o delegado, o laudo da reconstituição descartou a versão cedida à polícia por Marcelo. Os depoimentos das testemunhas que tiveram fatos reproduzidos eram todos "compatíveis", exceto a versão do cabo, conforme ele. "Categoricamente, o que o Marcelo contou não tem sincronia com os laudos da arma e as pessoas que viram o crime. Não tem sustentação nenhuma. Esse fato também pesou na conclusão do inquérito da polícia", afirma Nagano.


Com relação a um possível pedido de prisão do policial, Nagano afirma não ser necessário devido a colaboração prestada por Marcelo. "Sempre que precisávamos esclarecer algo, o cabo se colocava à disposição de nos ajudar, por isso não achei necessário pedir a prisão dele", conta.


O inquérito será enviado para o Ministério Público nesta terça-feira (16), que analisará a conclusão da polícia. Caso o promotor aceite a denúncia, ele pode oferecer para o juiz que deve aceitar ou não, como processo crime.


Sobre a conduta do namorado de Luana, Felipe Barros, o delegado explica que o laudo aponta que o rapaz devia ter parado logo que recebeu o sinal da polícia. No entanto, o ato não foi decisivo para a morte da atriz. "Mesmo com o freio quebrado, o jovem devia ter parado no local e no momento indicado. Contudo, não posso atribuir o crime de morte ao Felipe, ele não praticou a conduta que causou a morte", explica Nagano.


Para Nagano, investigar a morte da atriz foi um trabalho complexo. Foram cerca de quatro meses para chegar a uma conclusão, já que o inquérito chegou a ser prorrogado por tempo indeterminado. "� um assunto que foi analisado com cautela, mas consegui chegar a um final concreto", diz o delegado.


Repercussão


De acordo com o advogado da família de Luana, Rodrigo Lemos Arteiro, o resultado do referido laudo é positivo, pois "reforça a possibilidade de o processo tramitar emPresidente Prudente, local onde ocorreu o fato".


Sobre punições, o advogado afirma que ainda é cedo para declarar algo. "Agora vamos esperar o resultado do processo da Justiça Militar e aguardar uma posição do juiz sobre o que deve ocorrer com o policial", afirmou.


O G1 tentou entrar em contato com a advogado do PM, Marcelo Coelho, Renata Camacho Dias, porém até o momento desta publicação não obteve sucesso.



A equipe de reportagem pediu ainda um posicionamento da Polícia Militar sobre o caso, mas ainda não recebeu resposta.


Morte


Conhecida como Lua, a atriz estava na garupa da moto de seu namorado, o músico Felipe Barros de 29 anos, quando foi atingida com um tiro no tórax disparado pela arma de um policial após o condutor tentar furar o bloqueio de uma blitz policial realizada na Avenida Joaquim Constantino. No boletim de ocorrência, Barros alegou que estava com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa, por isso, não parou.



Já o cabo Marcelo Coelho relatou que o capacete do motociclista bateu em sua mão e ocasionou o disparo. Ele chegou a ser preso e encaminhado a um presídio militar em São Paulo, mas foi solto após a concessão do pedido de liberdade provisória. Ele atuava na corporação há 23 anos, e atualmente presta serviços administrativos no batalhão.



Para quem conviva com Luana, conhecida como Lua, o tiro não foi acidental. A morte dela causou comoção entre familiares, amigos e nos integrantes da Federação Prudentina de Teatro de Artes Integradas (FPTAI). Eles organizaram protestos em Presidente Prudente, Curitiba (PR) e São Paulo (SP) e, inclusive, mudaram o nome da sede do grupo, localizada na Vila Brasil.



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