O final da tarde deste sábado (20) será diferente para aproximadamente 250 crianças moradoras no Parque Cedral e bairros vizinhos, em Presidente Prudente. A data será marcada por presentes, música e guloseimas, em um projeto promovido pelo agente funerário Rogério dos Santos Neves, de 39 anos, e sua família, na viela Gérson Mendes de Aragão, a partir das 17h.
Quando chega dezembro, Neves assume uma nova identidade. O rosto recebe barba branca, além de bigode e sobrancelhas da mesma cor. A roupa comum dá lugar aos trajes vermelhos e os sapatos são substituídos por botas negras. O agente funerário se transforma no velho Papai Noel.
A iniciativa começou há aproximadamente 13 anos, quando o agente se vestia para os três filhos, que atualmente têm entre 10 e 16 anos. "Quando dava o horário, eu me escondia para entregar os presentes para eles [filhos] e desaparecia", lembrou. No entanto, nos últimos cinco anos, a dedicação se estendeu aos moradores do bairro e Neves destaca que "trabalha pelo sorriso das crianças".
Neves relatou ao G1 que começou trabalhar como Papai Noel por indicação de um senhor que mora perto de sua casa. "Ele se vestia de Papai Noel e saía para entregar brinquedos, mas com a idade, ele precisou repassar o serviço". "Ele queria que os filhos assumissem, mas ninguém se interessou, foi quando um deles me indicou e eu aceitei", lembrou.
Neves relatou que o início foi difícil. A entrega era feita a pé e a maioria dos brinquedos eram comprados. Porém, no ano seguinte um triciclo foi adquirido e amigos começaram a ajudar com doações. A evolução ocorreu a partir do terceiro ano, quando o agente conseguiu um trenó. A família também conta com doações de brinquedos, que a cada ano ganha mais voluntários.
Para que tudo corra bem durante a festa, sua esposa Rosemar Alcântara Paes Neves, de 36 anos, organiza tudo. "Separo os presentes por idade, se é de menino ou de menina e embrulho todos", contou a ajudante. Após tudo pronto, Rosemar deixa tudo guardado na casa de sua mãe, localizada na viela onde tudo acontece. "Quando dá 15h, as crianças já ficam de olho na movimentação e começam a formar uma fila para receber os presentes e tirar fotos com o Papai Noel", disse.
A entrega é feita junto com a filha Gabriela, de 16 anos, que se caracteriza como Mamãe Noel, além da ajuda de vizinhos e familiares. Rosemar contou ao G1 que para não correr risco de alguma criança ficar sem brinquedo, a família criou um convite que é levado de casa em casa. "Se a gente tem 250 brinquedos, distribuímos cerca de 200 convites e reservamos os outros para as crianças que chegam na viela depois", afirmou.
Neves não esconde o gosto pelo trabalho e ressalta a importância de alegrar as crianças, principalmente neste período de Natal. O agente faz planos para que cada ano o trabalho seja melhor e, assim, mais brinquedos entregues.