Uma menina de cinco anos morreu depois de o carro em que estava como passageira bater em um barranco e capotar na Estrada Severiano Mendes, no Bairro Bela Vista, em Álvares Machado, na noite desse domingo (11), por volta das 20h10. Segundo a Polícia Civil, quem dirigia o veículo era o próprio pai da criança, que estava embriagado.
De acordo com o Boletim de Ocorrência, policiais militares foram acionados para atender uma ocorrência de acidente de trânsito com vítima fatal.
Os policiais foram até a Santa Casa de Álvares Machado, onde o pai da criança ?“ um ajudante de 35 anos ?“ informou que conduzia seu veículo Fiat Palio na estrada de terra, uma continuidade da Avenida Alfredo Marcondes, quando perdeu o controle e, após bater no barranco, o carro tombou. Ainda segundo o pai, "a filha deveria ter batido a cabeça em algo, quando começou a enrolar a língua e perder os sentidos".
O pai da criança saiu do carro, com placas de Álvares Machado, e levou a filha até o hospital, onde a menina não resistiu aos ferimentos. O homem ainda informou que havia um amigo no veículo também, que foi socorrido e levado para o Hospital Regional (HR) de Presidente Prudente, onde permaneceu internado, "sem possibilidade de prestar versão do fato".
Bafômetro
Conforme o registro, o ajudante apresentava sinais evidentes de embriaguez, como "voz pastosa, odor etílico e dificuldade de expressão". Os policiais solicitaram que o homem realizasse o teste do bafômetro, que aferiu a quantidade de 0,48 mg/l, "acima do permitido legalmente para fins criminais".
A perícia técnica foi acionada e compareceu ao local, juntamente com o pai da criança. Os peritos constataram que a estrada é de "difícil trânsito, pois é estrada de terra, há cerca de 2 km da pista asfáltica, com intensa quantidade de terra fofa que prejudica o atrito".
De acordo com o registro, o motorista do veículo perdeu o controle e bateu no barranco. O carro ainda apresentava problemas aparentes no câmbio e no freio. Os policiais encontraram grandes caixas de som soltas e latas de cervejas vazias. Os peritos ainda determinaram que, "pela posição da cadeira da criança", ela estava sem cinto de segurança.
Confissão
A ocorrência foi apresentada na Delegacia da Polícia Civil de Álvares Machado. Em depoimento, o pai da criança informou que "foi com a filha e um amigo se banhar no Rio Jaracatiá", onde permaneceram por cerca de cinco horas. Ele ainda confessou que "ingeriu diversas latinhas de cerveja".
No depoimento, o ajudante, morador do Bairro Bela Vista, em Álvares Machado, confessou que sabia dos problemas de freio do veículo e "que não poderia acelerar", e percebeu que a terra estava fofa e que o "veículo dançava". O homem relatou não colocou o cinto de segurança na filha, "apesar de saber da obrigatoriedade", e alegou que estava ao menos a uma velocidade de 100 km/h na estrada de terra. A perícia técnica constatou que a viatura pode manter padrão normal na pista a 40 km/h.
'Fui errado em tudo'
O homem confessou que chegou a pensar que poderia causar um acidente, mas "tinha bebido e a gente perde a noção, com tudo isso assumi o risco de causar o acidente sim, não posso mentir, fui errado em tudo".
De acordo com o depoimento, o homem disse que, depois que o carro virou, a filha dele foi jogada para o banco da frente e ele colocou "o dedo na língua dela, pois acho que ela bateu a cabeça no som que estava atrás". O homem levou a filha até o hospital, onde a criança faleceu.
"Perdi minha filha, estou arrependido de ter feito tudo isso, fui irresponsável, assumi o risco e agora não sei como voltar atrás, estava descalço dirigindo", disse o pai da criança em depoimento.
De acordo com o delegado Pablo Rodrigo França, o ajudante "assumiu o risco do resultado grave, imputando-o o dolo eventual".
"O teste do etilômetro, somada a percepção dos policiais militares, colocaram uma pá de cal na nefasta cena que motivou o episódio fatídico que, infelizmente, levou ao óbito uma criança de 5 anos", declarou o delegado.
O delegado Pablo França ainda determinou que "não obstante de que o resultado grave já é a principal pena que o pai poderá carregar, determina-se o cumprimento da lei vigente que, no caso em tela, em faces dos princípios jurídicos, motivam a ratificação da voz de prisão em flagrante".
"Percebi já na ida que não poderia fazer nada disso e fiz assim mesmo", afirmou o condutor do veículo à Polícia Civil.
O Boletim de Ocorrência foi registrado como homicídio simples, lesão corporal e embriaguez ao volante. O ajudante permaneceu à disposição da Justiça.
'Vocês precisam me prender'
"Vocês têm que me prender sim, fiz errado, e sei que metade da cidade vai me matar se sair daqui, devem me odiar, até pra ficar bem vocês precisam me prender (sic)", declarou o pai da criança à Polícia Civil.
Na avaliação do delegado, "ficou inconteste que o autor, minimamente, acelerando a 100 km em estrada de terra fofa (reafirmando que a viatura começou a perder a estabilidade quando chegou aos 40 km), estrada que há havia percebido que com a somatória de um carro sem freios perfeitos ou câmbio compatível, poderia causar acidente e assim previu e não impediu, ao contrário, ingeriu cervejas, colocou a filha de 5 anos no banco de trás sem cinto, com caixas de som batendo em sua cabeça, aparelho celular carregando ao seu lado, e acelerou até que perdeu o controle do veículo, tombando-o e causando lesões em uma vítima e a morte da filha".
O veículo ficou apreendido para a perícia.