Profissionais da saúde da rede municipal de Presidente Prudente tem pedido o desligamento dos cargos depois que o Ministério Público (MP) iniciou uma investigação para apurar se os médicos estavam burlando o sistema de ponto biométrico e cumprindo carga horária menor do que deveriam.
Desde novembro do ano passado, a rede municipal de saúde vem enfrentando uma saída desenfreada desses profissionais. Os pedidos de exoneração nos últimos 90 dias representa 19,2% dos 130 profissionais que prestavam atendimento pelo município. Praticamente um em cada cinco médicos pediu desligamento nos últimos três meses. A quantidade é maior que o total registrado entre 2010 e 2013. Neste período, apenas 17 médicos se desligaram da secretaria.
O aumento nos pedidos de exoneração teve início depois que o MP passou a investigar se os médicos da Secretaria Municipal de Saúde cumpriam a jornada de trabalho ou não. Os promotores identificaram profissionais que burlavam o sistema de ponto biométrico e com isso, cumpriam menos horas do que deveriam na rede pública. Enquanto isso, davam expediente em instituições e consultórios particulares.
O SPTV mostrou detalhes da investigação, que incluiu o acompanhamento da rotina de médicos que trabalham em uma unidade de saúde. Pelo menos cinco deles foram flagrados pela promotoria descumprindo a carga horária determinada por contrato. O Ministério Público quer que a Justiça aplique multa para esses profissionais e determine que eles percam o cargo.
A investigação também motivou a Câmara Municipal de Presidente Prudente a criar uma comissão. Ela visitou unidades de saúde e deve elaborar um relatório, que pode motivar até mesmo a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
Os médicos que deixaram a rede pública serão substituídos com processos de seleção que devem ser realizados nos próximos meses, conforme informado por meio de nota da Secretaria de Comunicação de Presidente Prudente.
Enquanto isso, a população reclama da qualidade do atendimento na rede municipal de saúde e teme pelo futuro, já que, sem os médicos, a situação pode piorar.
O pedreiro Sidney Guevara afirma que "os médicos precisam cumprir o horário de trabalhador como qualquer trabalhador". "Assim ficamos sem médico e muita gente precisa, ainda mais no Posto do Ana Jacinta, que é uma região bem grande", completou o pedreiro.
A manicure Simone Aparecida Tosta pontua que "a classe mais humilde acaba pagando". "Acho que isso não vai ter solução, pois cada vez fica pior e ninguém resolve nada", pontuou a manicure.