Foi um longo período seco e sem chuvas no Oeste Paulista e a combinação castigou muitos produtores da região. O produtor de milho Aloísio Barreto, por exemplo, tem uma área arrendada em Santo Anastácio e calcula um prejuízo aproximado de R$ 300 mil. Ele perdeu os 96 hectares da cultura que foram plantados em novembro.
"O ano passado aconteceu a mesma coisa, mas o seguro pagou uma parte e não teve prorrogação de divida", relata o produtor. "A gente teve que vender outras coisas, como o gado e condução e. começou outra roça. Porém esse ano repetiu o mesmo quadro do ano passado, então a gente não tem o que vender mais. Vai vender o que agora?", disse Barreto.
Na lavoura de Barreto não caiu uma gota de água durante 30 dias. Ele contou que isto aconteceu justamente no período em que a planta mais precisava de chuva e, com as temperaturas chegando na casa dos 40 ºC, a maioria das espigas não se desenvolveu. Ainda no pé, não criou nenhum grão e nenhum milho dentro. Com isso não dá para fazer praticamente nada.
Desde 1979, nunca choveu tão pouco na região. Os dados de uma estação meteorológica de uma universidade de Presidente Prudente indicaram que a média histórica para janeiro é de 230 milímetros de chuva, mas no primeiro mês de 2015, choveu apenas 60 milímetros e o resultado da estiagem está nas mãos do produtor.
Barreto explica o desenvolvimento da espiga. "Primeiro sai a boneca, fechada e com o cabelo vermelho. Depois tem que chover para ela encher o grão, e faltou".
Por causa disso, o município de Santo Anastácio, que depende basicamente da arrecadação de tudo que é produzido pela agricultura, decretou estado de emergência.
O prefeito de Santo Anastácio, Alaor Dias (PSDB), afirma que "além de ter muitas empresas com portas fechadas, depende muito da produção agrícola e agropecuária". "Com perdas na lavoura, o município fica mais afetado ainda e transfere para a nossa assistência social, um caos insuportável para os cofres públicos", destaca.
Já em Ribeirão dos Índios, em uma lavoura de soja, o produtor José Amauri Lenzoni atrasou o plantio em um mês para tentar escapar da seca. Mas não teve jeito, ele foi surpreendido pelo período de estiagem, que rendeu uma perda de pelo menos 50%, dos 70 hectares que foram plantados em dezembro.
"Acho que não tem mais recuperação, porque não houve a recuperação do pé da lavoura". "O agricultor é cheio de esperança e quando vem a chuva ele imagina que vai dar tudo certo para voltar a plantar, pois nascemos e fomos criados no ramo e não vamos parar", relata Lenzoni.
Na maior cidade da região, nos primeiros 20 dias deste mês choveu apenas 60 milímetros, segundo os meteorologistas. Com as chuvas desta semana, a marca chegou a 147, número superior a média histórica que é de 129 milímetros. Porém, ela não ajudou a salvar as lavouras, porque chegou tarde demais.