Nunca achei que com a velhice me tornaria um contador de causos, o de ter experiências em vários aspectos da vida. A idade fez com que eu acumulasse conhecimentos em muitas áreas e conhecesse um pouco de tudo. Mas me deparo com contestadores; tudo o que você diz não tem crédito e ninguém se faz ouvir.
Felizmente, no meu emprego público, sou atendido por duas psicólogas que fazem estágio lá. Quem quiser pode ser atendido por elas, mas o preconceito é enorme devido à desconfiança na ética e no silêncio profissional.
Não temos mais aquelas rodas de conversa após o horário de trabalho, entre famílias, especialmente as maiores. Não há mais diálogo. Os adultos de idade avançada não têm mais respaldo; tornaram-se chatos e retrógrados. Existem grupos de terceira idade, mas a maior parte da confraternização fica majoritariamente na dança e há pouca conversa. Desenvolvem mais o corpo do que o cérebro conversando.
Onde estão as praças, as rodas de conversa pública, onde se reuniam os contadores de causos? Fui feliz e tive a honra de fazer um bate-papo para alunos do ensino médio na biblioteca de Pacaembu há uns 15 anos. Queremos ser apenas ouvidos.